LAZER DE INSTITUCIONALIZAÇÃO: CONTROVÉRSIAS E ASSOCIAÇÕES NA ENTRADA EM CAMPO
- Janaína Fontes (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)
- Carolina Caneva da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)
- Mauro Myskiw (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)
- Monica de Souza Ferreira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)
- Raquel da Silveira (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS)
A Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul (FPE) é um órgão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil) vinculado à Secretaria da Assistência Social que acolhe aproximadamente 280 crianças, adolescentes e adultos vulnerabilizados na modalidade de acolhimento institucional através de abrigos residenciais. A medida protetiva de acolhimento institucional está prevista no artigo 101, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar dos avanços nas garantias de direitos propostos pelo ECA, ao trabalhar como Profissional de Educação Física na FPE, percebemos que o Estatuto continua sendo motivador de embates entre as intenções de garantias de direitos e proteções explícitas na legislação. Dentre os direitos que devem ser garantidos para crianças e adolescentes, a Constituição Federal do Brasil, assim como o ECA, situam o lazer como um direito fundamental. Para compreender de que maneira isso acontece desenvolvemos uma pesquisa etnográfica. Os locais da pesquisa são três Abrigos Residenciais situados na região central de Porto Alegre, que atende crianças e adolescentes. Para este trabalho problematizamos o processo de entrada em campo. À luz da Sociologia Pragmática, tendo como referencial teórico a Teoria do Ator Rede de Bruno Latour, desenvolvemos as primeiras reflexões das imersões no campo de estudo. Podemos observar que as relações híbridas entre os atores-rede humanos e não-humanos performam o lazer na instituição de acolhimento estudada. Para além de crianças, adolescentes, trabalhadores o lazer vivenciado nos abrigos envolvem uma série de elementos como chaves, comidas, ingressos, negociações políticas e compreensões distintas de direito social. As controvérsias que são descritas no campo conduzem como o “Fio de Ariadne”, o caminho que conecta atores humanos e não-humano numa trajetória em que se percebe agindo dispositivos de controle, punição, atravessamentos políticos e crises. Assim, muitas agências atuam no lazer de crianças/adolescentes em acolhimento institucional e é preciso descrevê-las, comprendê-las e interpretá-las na tentativa de ir “reatando o nó Górdio”.