Inclusão no ensino de química: uma estratégia de ensino e aprendizagem utilizando material didático tátil
- DIAS DA PIEDADE, Fernanda Jardim (UFPel)
- VIEIRA DE SOUZA, Eduarda (UFPel)
- DOS SANTOS PASTORIZA, Bruno (UFPel)
O Ensino de Química é uma ciência que estuda a natureza, propriedades, transformações e composições químicas, e o estudo dessa ciência requer uma boa percepção visual, pois as explicações dos fenômenos macroscópicos dependem de modelos que envolvem a interação entre as moléculas, átomos e partículas subatômicas (De Faria et al., 2015). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1999) destacam a importância da articulação entre o mundo macro e micro na aprendizagem de Química, uma vez que a compreensão das transformações químicas exige a construção e interpretação de modelos explicativos do mundo microscópico. Essa abordagem oferece aos alunos a oportunidade de vivenciar momentos de investigação, exercitar e ampliar sua curiosidade. Entretanto, a dificuldade dos alunos em transitar entre os diferentes níveis de representação é um dos obstáculos no aprendizado de Química, já que essa habilidade é fundamental para o desenvolvimento dessa ciência. Segundo Camargo (2016), o ensino de Química apresenta um maior desafio para alunos com deficiência, especialmente aqueles com deficiência visual, devido ao grande número de conceitos abstratos e representações visuais envolvidas. Dessa forma, o uso de recursos didáticos é importante para o processo de ensino e da aprendizagem desses alunos. A exemplo disso, o docente pode utilizar materiais didáticos táteis com diferentes texturas para que o aluno com deficiência visual possa compreender as discussões relacionadas ao Ensino de Química. Dessa forma, para ter eficácia no aspecto inclusivo, o material didático deve cumprir diversas características, tais como ser educacionalmente funcional, seguro, ter uma textura agradável ao toque, ser durável, preciso na representação, avaliado de maneira adequada e, principalmente, projetado para uso coletivo. Cabe ressaltar que os alunos com deficiência visual possuem uma percepção visual que difere daqueles que possuem visão normal. Portanto, é necessário identificar como esse aluno age e compreende os conceitos trabalhados em sala de aula, prestando atenção ao referencial perceptual utilizado por esse aluno a fim de proporcionar um aprendizado mais acessível e efetivo. Desta forma, o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) se apresenta como uma abordagem capaz de alcançar os objetivos de desenvolver novos recursos e metodologias que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem de uma turma heterogênea. Isso se deve ao fato que a proposta do DUA é desenvolver aulas, materiais de apoio e outras metodologias que possam contemplar as diferenças existentes entre os alunos de acordo com suas peculiaridades (CAST, 2023). Portanto, segundo Zerbatto (2018), esta abordagem está alinhada aos princípios da educação inclusiva, sobretudo ao que se refere à acessibilidade nos espaços educacionais, possibilitando assim atender as diferentes formas de aprendizagens dos alunos. Diante disso, esse trabalho tem como objetivo divulgar um recurso didático que auxilie na compreensão de conteúdos de Química por alunos com deficiência visual, dada a necessidade frequente de representações visuais nessa disciplina. Nesse sentindo, foi desenvolvido material tátil para o ensino de conceitos químicos, visando contribuir para a inclusão e aprendizagem desses alunos, podendo também ser utilizado por alunos sem deficiência, conforme os potenciais de inclusão que são abordados no Desenho Universal para a Aprendizagem. Cabe ressaltar que esse trabalho foi fruto do desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da primeira autora, discente do curso de Licenciatura em Química pela Universidade Federal de Pelotas, situada no município de Pelotas-RS, Brasil