A pesquisa teve como objetivo compreender os efeitos da nova direita, a partir da relação entre o pseudoconceito de “ideologia de gênero” e o debate parlamentar das políticas educacionais no Brasil e na Espanha no período de 2010 a 2020. Optou-se pelos estudos de gênero como paradigma e os estudos comparados como estratégia metodológica. Foram realizadas a análise documental e de conteúdo das discussões dos projetos de lei que compõem a política educacional brasileira (Plano Nacional de Educação - 2014) e espanhola (Lei Orgânica para a Melhoria da Qualidade Educativa - 2013, e Lei Orgânica de Modificação da Lei Orgânica de Educação - 2020), a fim de se compreender os efeitos do pseudoconceito da “ideologia de gênero”. Concluiu-se que, em ambos os países, utilizou-se de generalização das desigualdades e discriminações, enfraquecendo a possibilidade de promoção ativa do combate às discriminações de gênero. Os argumentos neodireitistas retomam os direitos, porém concebem-nos apenas como liberdade, ao mesmo tempo em que os valores são permeados pelo individualismo, exemplificando a fusão contraditória de princípios neoliberais com neoconservadores, amalgamando-se na nova direita e materializando-se no pseudoconceito da “ideologia de gênero”, reforçando o objetivo para o qual ele foi criado: combater e deslegitimar os avanços feministas.