Este estudo visa compreender como professoras negras, atravessadas por violências estruturais, criam formas de enfrentamentos político-pedagógicos, no combate às desigualdades produzidas pelo racismo patriarcal, colonial e epistêmico em suas atuações na Educação Básica. Para compreender este processo, fizemos opção pelas Epistemologias do Feminismo Negro e Decolonial, pois tal abordagem fornece as chaves interpretativas para analisar as experiências dessas mulheres como protagonistas de sua própria história e das formas coletivas de resistência político-pedagógicas construídas na relação com o trabalho docente. Adotamos como abordagem metodológica a Pesquisa Narrativa desenvolvida através do que chamamos de “xirê pedagógico” (rodas de conversa) e de produção de textos narrativos sobre suas experiências político-pedagógicas. Os resultados indicam que histórias de vida-profissão destas professoras nascem de lugares de pertencimento, congruência e reciprocidade e indicam que a escrita negra constrói narrativas pedagógicas de (re)existências (entre)tecidas e (en)redadas pelo lugar de fala do feminismo negro decolonial nas dimensões do corpo, raça, gênero, classe, educação, território, profissão etc. A escrita narrativa destas professoras apresenta uma dimensão política/profissional e retomam o reconhecimento da alteridade, pertencimento racial, elevação da autoestima e protagonismo docente com experiências potentes e baseadas em epistemes que valorizam pedagogias partilhadas que falam a partir de um coletivo.